O FUTURO DA ALIMENTAÇÃO: PRODUZINDO MAIS NA MESMA ÁREA (Parte II)

Confira a parte I deste texto aqui, na qual discutimos porque o aumento dos rendimentos agrícolas, sem necessariamente desmatar e incorporar outras áreas às terras produtivas já em uso, é um dos maiores desafios à segurança alimentar para a humanidade, especialmente nos países emergentes.

MAIS DO MESMO LUGAR

A intensificação sustentável da agricultura (Figura 4) foi proposta como uma solução possível, sendo pensada também para a realidade brasileira. Isso significa produzir mais alimentos a partir das terras agrícolas já em cultivo, de forma que o potencial de produção futuro e os meios de subsistência das comunidades rurais não sejam prejudicados e o meio ambiente não seja negativamente afetado.

Por exemplo, é mais provável que culturas, variedades e manejos mais adequados às condições sazonais aumentem a produtividade e reduzam os riscos tanto na agricultura familiar de pequena escala quanto no agronegócio em larga escala.

Porém, metas, cronogramas, indicadores mensuráveis ​​e métodos necessários para alcançar a intensificação sustentável permanecem pouco definidos. Isso inibe qualquer análise mais técnica das trocas entre as diferentes funções da agricultura: produção de alimentos e fibras, produtos ambientais e socioeconômicos.

Obviamente, a quantificação e análise dessas trocas (trade-offs) exigirão um novo pensamento além do tradicionalmente restrito foco no aumento de rendimento por si só. A agricultura de precisão envolve uma série de tecnologias que estão mudando a forma de pensar e fazer agricultura, com foco não apenas nos rendimentos, mas também no planejamento e na segurança da atividade, uma vez que torna possível se adequar com antecedência a quaisquer problemas climáticos, fitossanitários e edáficos (no solo) detectados no monitoramento remoto por computadores.

No Brasil, já existem empresas de sucesso no ramo da precisão, como a Agrointeli, que oferece um serviço de acompanhamento e monitoramento das culturas por satélites. Como principais vantagens, neste caso, estão os benefícios das imagens NDVI (em inglês, Índice de Vegetação da Natureza Normalizada), cujo processamento torna possível analisar a condição real de uma plantação e se aplica a diferentes fins agrícolas.

As diversas nuances e colorações permitidas pelo tratamento destas imagens indicam, por exemplo, as áreas com maior produtividade, com menor densidade vegetativa ou com anomalias fisiológicas, por exemplo, permitindo a identificação de problemas e reduzindo o risco nas tomadas de decisão sobre as medidas corretivas.

UMA NOVA FORMA DE PENSAR

Claramente, o primeiro desafio é quebrar os rígidos padrões disciplinares do conhecimento. Isso permitirá que uma gama mais ampla de cientistas trabalhe com partes interessadas (stakeholders) muito além dos agricultores, incluindo ambientalistas, diferentes subsetores do agronegócio, da indústria, organizações não governamentais (ONGs) e governos.

Além disso, quaisquer intervenções práticas e tecnologias necessárias provavelmente diferirão, dependendo das circunstâncias de cada comunidade agrícola. Não há uma solução única que possa ser aplicada em toda a miríade de situações ou em todas as condições edafoclimáticas dos diferentes países.

Apenas como exemplo, observemos abaixo três pontos simples e complementares que abordam a multiplicidade de situações técnicas e socioeconômicas:

  • Para os agricultores com recursos insuficientes, é fundamental que a eficiência da produção de seus ativos limitados seja aprimorada. Para o grupo em questão, a prioridade é o fornecimento de informações básicas sobre as melhores práticas agronômicas, zootécnicas e administrativas.
  • Novos aumentos de produtividade podem ser alcançados entre os agricultores com mais recursos e qualificações, gerando incentivos para que eles invistam em práticas mais lucrativas e mais eficientes em termos de risco, além de um mix de empreendimentos agrícolas.
  • Onde as lacunas de produtividade já foram reduzidas, mudanças mais significativas ou transformação mais profundas podem ser necessárias. Isso envolverá o desenho de novos sistemas agrícolas capazes de intensificar ainda mais o uso da terra e da água ou agregar valor aos produtos existentes.

Todos os aumentos de produtividade terão que ser analisados com base nos ganhos e nas perdas em serviços ambientais e ecossistêmicos (Figura 5). Isso nos ajudará a proteger fatores críticos, como a qualidade da água, os fluxos ambientais, os serviços de polinização, a qualidade do solo e a pesca natural. As metas de intensificação sustentável também devem incluir resultados nutricionais, sociais, comunitários e de gênero.

Nos países de baixa renda, as rápidas mudanças no uso da terra cultivada estão reestruturando a agricultura familiar. A migração de grande quantidade de homens adultos para áreas urbanas ou mesmo para outros países tem levado a uma maior presença feminina e um decréscimo da presença de jovens nas atividades agropecuárias.

PARCERIA PÚBLICO PRIVADA

Investir na capacitação deve continuar sendo uma prioridade para a intensificação sustentável da agricultura no mundo em desenvolvimento e em todos os países com alto potencial agrícola, como a Austrália. Porém, a responsabilidade de melhorar a agricultura por meio de pesquisa e tecnologia não pode mais ser dominada pelo setor público.

As parcerias público-privadas serão impulsionadoras cruciais para a futura inovação tecnológica e capacitação do agronegócio global. Parcerias com organizações não governamentais (ONGs) serão importantes para alcançar os pequenos agricultores em regiões marginais do mundo e nas economias emergentes.

Pesquisas adicionais envolvendo as parcerias público-privada e a participação da própria sociedade civil podem nos oferecer as possibilidades a perspectiva de inovação ao longo da cadeia de valor dos alimentos. Por exemplo, medidas para conectar os agricultores aos mercados e serviços do setor privado é uma agenda que está sendo fortemente promovida na pesquisa para o desenvolvimento dos setores agrícolas na África e na Ásia.

Algo semelhante foi feito com sucesso no Vale do São Francisco, onde 94% das propriedades altamente produtivas possuem até 20 hectares e estão nas mãos de famílias que foram, com o suporte do Poder Público, treinadas e conectadas ao setor privado.

A TAREFA DE CADA PRODUTOR

Embora seja papel das empresas gerar novas tecnologias para seus clientes no campo e, também, caiba ao setor público o desenvolvimento de políticas voltadas para o fortalecimento da C&T agropecuária, cabe a você, produtor, investir o máximo possível no que há de mais moderno para o setor, pois apenas isto poderá reduzir os riscos inerentes à atividade produtiva. A agricultura envolve uma série de riscos climáticos e biológicos, de forma que o produtor que toma atitude e age no sentido de se resguardar, com a tecnologia sofre muito menos com as quebras de safra. O retorno é muito alto para cada centavo de investimento na agricultura de precisão e na consultoria técnica de qualidade

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E você, a sua instituição e a sua empresa, o que estão fazendo para ajudar a agricultura a produzir mais nas mesmas áreas? Gostou do texto? Não deixe de nos dar o seu feedback mandando-nos a sua mensagem

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Renato Borges

Renato Borges

Filho e neto de produtor rural e sempre com a cabeça em tecnologia. Eleito pela Forbes os jovens mais promissores do Brasil na próxima década. Eleito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) um dos jovens mais inovadores da américa latina. Engenheiro de formação, criou a Agrointeli que é uma plataforma comercial e agronômica em mais de 1000 fazendas, 19 estados, 300 empresas e 5 países.
Renato Borges

Renato Borges

Filho e neto de produtor rural e sempre com a cabeça em tecnologia. Eleito pela Forbes os jovens mais promissores do Brasil na próxima década. Eleito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) um dos jovens mais inovadores da américa latina. Engenheiro de formação, criou a Agrointeli que é uma plataforma comercial e agronômica em mais de 1000 fazendas, 19 estados, 300 empresas e 5 países.
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1 ano atrás

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Marketing Agrointeli
Admin
1 ano atrás

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1 ano atrás

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Admin
1 ano atrás
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Admin
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