Aminoácidos: Três momentos nos quais são imprescindíveis

Os aminoácidos são biomoléculas estruturais que formam as proteínas, formados por ácidos carboxílicos com um grupamento amina, um carbono assimétrico e um radical R, que é específico para cada tipo de aminoácido formado.

As diferentes combinações possibilitam a formação de 300 aminoácidos, no entanto do ponto de vista prático aqueles essenciais se restringem a um total de 20, tendo funções distintas tanto separadamente, quanto na constituição das proteínas.

Nas plantas os aminoácidos desempenham funções estruturais, como na constituição das proteínas, e metabólicas, como a participação na síntese de hormônios e produtos do metabolismo secundário relacionado a defesa vegetal.

Além disso desempenham funções importantes como transportadores de moléculas, são constituintes da clorofila, ajudam na estruturação da membrana plasmática e são osmorreguladores.

Apesar de serem capazes de sintetizar todos os aminoácidos essenciais, a aplicação exógena desses compostos na agricultura é uma ferramenta de alta performance no que diz respeito ao incremento de produtividade.

Isso porque cada fase do desenvolvimento vegetal demanda quantidades e tipos específicos de aminoácidos, e seu uso naquele dado momento ativa fisiologicamente o metabolismo, promovendo incremento em seu desenvolvimento.

AMINOÁCIDOS NA NATUREZA

Na natureza encontramos duas formas de aminoácidos: os levógiros, ou L-aminoácidos, e os dextrogiros, ou D-aminoácidos. Do ponto de vista de composição química esses dois grupos são iguais. O que os distingue é o que se chama de isomeria de espelho.

Ou seja, os L-aminoácidos são a imagem espelhada dos D-aminoácidos. Essa mudança de ‘lado’ onde se encontra o radical que define o aminoácido faz toda diferença do ponto de vista biológico.

Pois os seres vivos são compostos 100% por aminoácidos levogiros, os L-aminoácidos, sendo os D-aminoácidos inativos biologicamente.

Essa informação nos leva ao cuidado no momento da escolha do produto a ser utilizado na lavoura.

Aminoácidos do tipo L-aminoácidos são aqueles que as plantas conseguem assimilar. São oriundos de fermentação bacteriana de material vegetal e têm funcionalidade.

Já os D-aminoácidos são obtidos através de resíduos mortos e não são capazes de ser assimilados pelas plantas.

Agora que somos capazes de identificar o tipo de aminoácido que pode incrementar a produtividade na lavoura.

Destaco três importantes momentos nos quais tomo a decisão correta ao utilizar os aminoácidos no manejo:

1. ESTRESSES BIÓTICOS E ABIÓTICOS

Os estresses bióticos são aqueles causados por pragas e doenças na lavoura.

São responsáveis pela maior demanda de recurso monetário na propriedade, pois seu controle ineficiente pode levar toda a produção abaixo.

O ataque de pragas e doenças está diretamente relacionado às condições ambientais, que podem ser previstas através da implementação de sistema de monitoramento das áreas, um recurso que disponibiliza informações meteorológicas precisas e em tempo hábil para que as tomadas de decisões sejam facilitadas dentro do sistema agrícola.

O que torna a planta vulnerável ao ataque de determinada praga é sua produção de açúcares e compostos que servem de alimento para a mesma.

Neste sentido, os aminoácidos chamados de aromáticos podem se tornar forte aliado no manejo integrado de pragas.

A tirosina, fenilalanina e o triptofano estão diretamente relacionados com a produção de compostos fenólicos no metabolismo secundário das plantas.

Esses compostos como o ácido cinâmico, flavonas e ácido cumárico são agentes de defesa vegetal, funcionam como um tipo de anticorpo que inibe o desenvolvimento de doenças e torna a seiva menos atrativas a sugadores, por exemplo.

Outros aminoácidos desencadeiam a síntese de lignina que confere maior rigidez das paredes celulares e dificulta a penetração do aparelho bucal das pragas.

Plantas em estresse ambiental (abiótico), seja ele térmico ou hídrico, tem seu crescimento afetado devido a formação de radicais livres que aceleram o envelhecimento das células e sua degradação.

Em termos práticos isso se apresenta na perda de produtividade, pois compromete a renovação foliar e a transição da fase vegetativa para a reprodutiva.

Alguns aminoácidos específicos são responsáveis pela atividade antioxidante, eliminando estes radicais livres e conferindo tolerância às plantas a essas condições adversas. A folcisteína é um exemplo de composto que auxilia na tolerância ao estresse.

Sendo um derivado do aminoácido cisteína, que tem por função neutralizar os radicais livres, diminuindo a oxidação. A prolina é outro aminoácido associado a resistência a seca, por ser osmoproteror, assim como arginina.

Eles agem como agentes estabilizantes da membrana plasmática, evitando alterações estruturais como o afrouxamento da parece celular quando ocorre, por exemplo, um aumento excessivo de temperatura ou a falta de água.

Combinações de aminoácidos diversos exercem efeitos sobres genes de espécies como tomate e alface permitindo a esses vegetais um maior equilíbrio osmótico que favorece seu desenvolvimento mesmo em condição de seca, no caso do tomate, e de frio, no caso do alface.

O benefício dos aminoácidos para minimizar os efeitos do estresse está no monitoramento das condições ambientais regional.

O ideal é que se faça a preparação das plantas para a chegada das condições de adversidade.

Tendo em mãos as previsões de chuva, prevendo a ocorrência de escassez hídrica, combinada de elevação da temperatura, deve-se aplicar os aminoácidos de forma que se adéque ao manejo da propriedade.

Aplicações foliares ou por meio de irrigação são igualmente eficientes e vão depender das recomendações do fabricante do produto escolhido.

O mercado possui atualmente muitas formulações que combinam uma série de aminoácidos específicos ou produtos complexos contendo grande parte dos 20 aminoácidos essenciais.

2. FITOTOXIDEZ

Não é incomum que no dia a dia do campo ocorram o que chamamos de Fito, um estresse de origem biótica ou abiótica causado por agente químico, seja ele orgânico ou sintético, e que causa danos às estruturas vegetais (cotilédones, folhas, raízes, flores e frutos).

Esses danos prejudicam o desenvolvimento normal dos vegetais, pois em sua maioria estão relacionados à interrupção de produção ou distribuição de fotoassimilados.

Os metais pesados provenientes do solo ou em formulações que são utilizadas no manejo das culturas, elementos nutricionais em excesso ou com alto teor salino, são exemplos de agentes causadores de fitotoxidez.

Na maioria das vezes a fitotoxidez tem origem na aplicação de defensivos agrícolas.

Seu excesso ou manejo em horário incorreto, com uso de adjuvantes que potencializam o efeito sol sobre a superfície foliar causam lesões que impedem a folha de fazer fotossíntese e podem ser fator de perda de produtividade.

Para minimizar esses efeitos danosos e estimular as plantas a recuperar sua capacidade fotossintética os aminoácidos são importante aliados.

Sendo moléculas pequenas, de rápida absorção, em poucas horas começam a ter ação no metabolismo, transportando os elementos tóxicos e promovendo a restauração da atividade celular normal nas plantas.

Em casos como esses o manejo adotado deve prever tanto a eliminação das substâncias que causam a toxidez, quanto a rápida renovação celular da planta para que ela possa emitir novos tecidos fotoativos.

A Histidina é o aminoácido mais efetivo na complexação de metais pesados como cobalto, níquel, zinco e cobre, mesmo sendo um aminoácido não essencial está presente em plantas que são conhecidas como acumuladoras, pois sobrevivem em ambiente com elevados níveis desses metais sem apresentar sintomas de fitotoxidez.

A Glicina é importante na composição da clorofila. Isoleucina e ácido glutâmico no crescimento de meristemas, que são novos tecidos.

A aplicação de aminoácidos na lavoura após a detecção da fitotoxidez deve ocorrer o mais breve possível para que se possa reduzir os efeitos e estimular a recuperação imediata das plantas.

Com o uso de produtos idôneos e de boa qualidade, em poucos dias pode-se perceber o efeito benéfico de seu uso, com o desaparecimento dos sintomas e novas brotações saudáveis e metabolicamente ativas.

3. COMPLEXAR ELEMENTOS NUTRICIONAIS

Sua natureza química, funcionarem tanto como ácido quanto como base, permite aos aminoácidos se ligarem facilmente a elementos nutricionais, permitindo que estes sejam transportados facilmente para o interior das plantas.

Como são facilmente reconhecidos pelas membranas celulares vegetais, os aminoácidos tornam-se potentes transportadores de íons, sendo de fundamental importância na nutrição vegetal.

É de conhecimento de todos que a nutrição de plantas é feita de duas formas: através de adubos de base, que são distribuídos no solo para serem absorvidos pelas raízes e por meio de fertilizantes foliares, principalmente para suplemento de micronutrientes pouco móveis.

Para que a planta consiga absorver esses nutrientes é preciso que estes atravessem a cutícula das folhas, penetrem na epiderme e sejam reconhecidos pelos canais transportadores da membrana plasmática, que é específico para cada íon.

Alguns elementos muito móveis como o potássio conseguem penetrar e se mobilizar através de espaços intermembranares sem a necessidade de uma proteína carregadora. Mas os demais demandam um sistema de transporte específico.

O tempo médio entre a aplicação de um fertilizante foliar e a sua absorção pelas folhas fica em torno de 26 horas, para aqueles que foram desenvolvidos especificamente para aplicações foliares e nutrientes móveis como potássio e manganês, podendo chegar a 72 horas como é o caso do cálcio.

No entanto, com o uso e aminoácidos como agentes complexantes, esse tempo não ultrapassa as 3 horas. Isso porque a absorção dos aminoácidos pelas folhas se dá de forma passiva, sem gasto de energia pela planta.

Os efeitos benéficos também podem ser aproveitados para aplicações de nutrientes nas raízes, com a mesma eficácia.

Os complexos formados possuem alta solubilidade e estabilidade, tendo grande disponibilidade biológica. Tendo sido usadas ultimamente como excelente ferramenta de nutrição de plantas.

Dúvidas?

Ficou com alguma dúvida? Fique a vontade para deixá-las aqui em nossos comentários e não deixe de se inscrever em nossa newsletter para saber quando sai novos artigos. 

Até!

Renato Borges

Renato Borges

Filho e neto de produtor rural e sempre com a cabeça em tecnologia. Eleito pela Forbes os jovens mais promissores do Brasil na próxima década. Eleito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) um dos jovens mais inovadores da américa latina. Engenheiro de formação, criou a Agrointeli que é uma plataforma comercial e agronômica em mais de 1000 fazendas, 19 estados, 300 empresas e 5 países.
Renato Borges

Renato Borges

Filho e neto de produtor rural e sempre com a cabeça em tecnologia. Eleito pela Forbes os jovens mais promissores do Brasil na próxima década. Eleito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) um dos jovens mais inovadores da américa latina. Engenheiro de formação, criou a Agrointeli que é uma plataforma comercial e agronômica em mais de 1000 fazendas, 19 estados, 300 empresas e 5 países.
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Camila M Brizolari
Camila M Brizolari
2 anos atrás

Qual melhor momento para aplicar aminoácido catalizador de herbicida ?
È por que ?

Krypto-Mining bei gate io
10 meses atrás

Reading your article has greatly helped me, and I agree with you. But I still have some questions. Can you help me? I will pay attention to your answer. thank you.

Marketing Agrointeli
Admin
10 meses atrás

Sure! How may i help you?