Manejo integrado de pragas: 4 etapas para um melhor controle

O Brasil possui um clima tropical bastante convidativo para o cultivo de diversas lavouras. No entanto, este mesmo clima é favorável à proliferação de diversas pragas que podem comprometer severamente o rendimento das lavouras. Mas, uma estratégia de combate vem sendo cada vez mais comum entre agricultores: a adoção do manejo integrado de pragas.

Manejo Integrado de Pragas. Fonte: Boas práticas agronômicas

O Manejo Integrado de Pragas, ou simplesmente MIP, é uma técnica que visa otimizar o controle de pragas agrícolas nas lavouras, ajudando o produtor a explorar o máximo potencial produtivo da cultura, reduzir os custos de produção e minimizar os danos ambientais e ecológicos da atividade.

Essa estratégia considera o uso de uma ampla gama de técnicas de controle, onde a integração de medidas apropriadas permite manter o nível populacional da praga sempre abaixo do nível de dano, com isso ocorrendo de forma econômica, ambiental e ecologicamente viável.

Mas, para que o MIP traga os resultados esperados é preciso que o agricultor adote um checklist de etapas a serem realizadas, que vão desde a identificação dos insetos na lavoura até a adoção das técnicas apropriadas para manter a população da praga sempre abaixo do nível de dano econômico.

Por isso, convidamos você a entender o que é o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Apresentaremos também um checklist de ações composto por 4 etapas para tornar essa estratégia mais eficiente em todos os aspectos no controle das pragas em lavouras.

O que é o Manejo Integrado de Pragas?

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um conceito que foi instituído pela comunidade científica na década de 1960. Seu objetivo principal era o de promover a otimização do controle de pragas agrícolas (ácaros, insetos, doenças e plantas daninhas) em todo tipo de lavoura.

O termo refere-se à integração de diferentes ferramentas de controle, tais como:

• Uso sustentável de produtos químicos;
• Agentes biológicos (predadores, parasitóides e entomopatógenos – bactérias, fungos ou vírus);
• Variedades de plantas resistentes a pragas;
• Manejo cultural;
• Feromônios;
• Plantas iscas e muitas outras técnicas

O emprego conjunto de todas essas ferramentas, quando realizado de maneira planejada e harmoniosa, é a base para maior solidez de um programa de MIP e do controle de pragas na lavoura.

Para saber mais o que é o MIP, convidamos você a conferir abaixo a Parte 1 da websérie intitulada “Manejo Integrado de Pragas: sua melhor estratégia para proteção da lavoura”, desenvolvida por nós da Agrointeli.

Assim, quando bem empregado, o manejo integrado de pragas diminui consideravelmente o uso de defensivos químicos nas lavouras, contribuindo para uma produção agrícola cada vez mais sustentável. 

Em outras palavras, o manejo integrado de pragas surge como uma importante ferramenta destinada à preservação da fauna da região, minimizando o impacto ambiental e ecológico, reduzindo o custo de produção e auxiliando o desempenho produtivo das culturas.

Passo a passo para adotar o MIP

Em lavouras, os insetos estão sempre presentes, mas, quando não controlados, tornam-se pragas que podem comprometer seriamente a saúde de plantas e consequentemente a saúde financeira do negócio. 

Exatamente por isso, adotar ações preventivas de controle torna-se imprescindível e esse é o objetivo central do Manejo Integrado de Pragas. Ao invés de simplesmente eliminar as pragas da lavoura, usar o MIP significa examinar os fatores ambientais que afetam a praga e sua capacidade de prosperar na área, tomando decisões apenas quando necessário.

Com essas informações em mãos, cabe ao agricultor criar condições desfavoráveis ​​para a elevação da população dessa praga. Mas, para isso, seguir um checklist de etapas é essencial. Esse checklist é baseado em basicamente 4 etapas:

• Avaliação do Agroecossistema

Essa é a etapa inicial e consiste no conhecimento da lavoura, do clima e das principais pragas que ocorrem na área. Essa avaliação inclui o entendimento do estágio de desenvolvimento que as plantas se encontram, visto que algumas pragas incidem em determinado estágio de desenvolvimento da planta com maior intensidade.

Com uma boa avaliação, o conhecimento da lavoura e das pragas que podem comprometer a produtividade permite que o agricultor identifique em qual momento da plantação determinada praga pode causar sérios prejuízos.

No milho, por exemplo, a cigarrinha-do-milho é um grande problema, portanto, avaliar sua população dentro da lavoura torna-se fundamental para adotar o MIP.

Com isso, o agricultor saberá quando ele deve ficar em alerta para tomar medidas preventivas de controle de acordo com o que é apresentado.

• Monitoramento

Depois de identificada a(s) praga(s) que mais podem causar problemas na lavoura, chega a hora de monitorá-las. Este monitoramento, que deve ser periódico, permite estabelecer os níveis populacionais de equilíbrio, de controle e de dano econômico dos insetos.

Monitoramento da lavoura – Uma das etapas mais importantes do MIP

Nesta etapa devem ser realizadas amostragens com o intuito de saber se a população está alta o suficiente para causar danos econômicos à lavoura.

Nesta etapa de monitoramento, o aplicativo da Agrointeli será um grande aliado de produtores rurais, pois oferece excelentes funcionalidades que garantem total monitoramento da praga, doença ou planta daninha identificada na área. O tutorial abaixo mostra, de uma forma bastante simples, como funciona essa funcionalidade.

Já no vídeo abaixo apresentado, há outro tutorial que mostra como visualizar os dados de monitoramento, de forma simples e rápida.

Com o aplicativo será possível visualizar a localização das coletas das informações, assim como visualizar os dados em planilhas dos pontos monitorados, como nas imagens abaixo.

Com este aplicativo e as informações por ele oferecidas, o produtor consegue detectar problemas rapidamente, permitindo que ele  planeje e tome decisões mais assertivas, como por exemplo a decisão pelo MIP.

O MIP tem como objetivo manter as pragas abaixo do nível de dano econômico (NDE). Exatamente por isso, as medidas de controle são aplicadas quando a densidade populacional da praga atinge o nível de controle (NC).

O nível de controle é quando a população da praga atinge um nível que exija a adoção de medidas de controle a fim de evitar prejuízos. É sempre bom lembrar que o nível de controle varia para diferentes pragas em uma mesma cultura ou mesmo para uma mesma praga incidindo em diferentes culturas. Por isso, monitorar é imprescindível.

No gráfico abaixo, é possível observar que, quando medidas não são adotadas no momento correto, a população da praga ultrapassa o nível de dano econômico, causando prejuízos. 

Fonte: Agropós

Em contrapartida, quando as medidas de controle são adotadas no momento certo, o nível populacional da praga se manterá em um nível em que ela não causará danos econômicos à lavoura.

• Tomada de decisão e controle

Tendo os dados de um eficiente monitoramento das pragas que podem causar danos à lavoura, cabe ao agricultor efetuar a tomada de decisão, devendo considerar principalmente a relação custo/benefício do controle de pragas e a flutuação populacional da praga na lavoura.

Assim, para que o monitoramento e acompanhamento da flutuação populacional seja realmente efetivo, o agricultor deve conhecer o nível de dano econômico (NDE) e nível de controle (NC). 

Estes são os melhores indicadores que auxiliarão o agricultor na tomada de decisão de qual é o momento certo para a adoção de uma determinada estratégia de manejo de pragas.

Tal preocupação é muito importante, visto que o manejo integrado de pragas preconiza a adoção de mais de um método para controle de pragas em uma cultura, sempre considerando a sustentabilidade.

Tomada a decisão de prevenir ou de agir, cabe ao agricultor definir a estratégia e o método mais adequado de controle, que podem englobar: 

• Controle cultural; 
• Controle biológico; 
• Resistência genética: 
• Controle legislativo; 
• Métodos genéticos; e 
• Controle químico.

Para saber mais sobre cada uma destas estratégias de controle de pragas na lavoura, convidamos você a conferir este artigo exclusivo da Agrointeli.

• Reavalie as decisões

Seja no curto ou longo prazo, a reavaliação das decisões tomadas é imprescindível.

 – As decisões tomadas foram as mais assertivas?

  – Os resultados desejados foram atingidos? 

 – Quanto eficiente foram as decisões tomadas? O que vale a pena mudar? O que manter?

Além disso, é importante salientar que táticas diferentes podem funcionar melhor a longo prazo. Portanto, manter o monitoramento e a avaliação constante das decisões é imprescindível para o sucesso do Manejo Integrado de Pragas.

Para entender mais sobre a importância do manejo integrado de pragas, e necessidade de tomada de decisão de acordo com o nível de controle, convidamos você a conferir o vídeo abaixo, desenvolvido pela Embrapa.

Por fim, com um eficiente e constante monitoramento da população da praga, o agricultor poderá visualizar se ela continua decrescendo e assim ponderar a necessidade de não precisar investir em um ou outro tratamento.

Quer mais conteúdo? Você também pode acessar toda Websérie com 5 episódios completos sobre MIP:

Você tem alguma dúvida sobre o MIP? Faça seu comentário abaixo que nós da Agrointeli vamos ajudá-lo.