O que é Manejo Integrado de Pragas (MIP) e como você pode fazer na sua propriedade

O que é Manejo Integrado de Pragas que está tão em alta nos últimos tempos?

Talvez isso já tenha se passado pela sua cabeça, ou talvez você já tenha uma boa noção do conceito básico mas ainda acha complicado implementá-lo na sua propriedade.

O fato é que com ele você pode ter um controle muito melhor das pragas e uma resposta melhor das culturas. De quebra, ainda pode economizar em defensivos agrícolas.

Aqui vamos esclarecer os conceitos, quebrar alguns mitos e te mostrar como o Manejo Integrado de Pragas, ou MIP, pode ser feito dentro da sua fazenda!

O que é Manejo Integrado de Pragas (MIP)?

O MIP é uma estratégia baseada no ecossistema que se concentra na prevenção a longo prazo de pragas ou seus danos através de uma combinação de técnicas como controle biológico, manipulação do ambiente, modificação de práticas culturais e uso de variedades resistentes.

Os defensivos agrícolas são usados ​​somente após o monitoramento indicar que são necessários de acordo com as diretrizes estabelecidas (Nível de Controle – NC), e os tratamentos são feitos com o objetivo de controlar apenas o organismo-alvo.

As práticas de controle de pragas são selecionados e aplicados de maneira a minimizar os riscos à saúde humana, aos organismos benéficos e não direcionados ao meio ambiente.

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Fonte: Boas práticas agronômicas

Como o Manejo Integrado de Pragas (MIP) funciona?

Com o MIP, você executa diversas ações para impedir que as pragas se tornem um problema, como o cultivo de uma cultura resistente que pode suportar ataques de pragas, controle biológico, rotação de culturas, etc.

Ao invés de simplesmente eliminar as pragas que você vê agora, usar o MIP significa que você examinará os fatores ambientais que afetam a praga e sua capacidade de prosperar. Com essas informações, você pode criar condições desfavoráveis ​​para a praga.

No MIP, o monitoramento e a identificação correta de pragas ajudam a decidir se o gerenciamento é necessário.

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Como funciona o monitoramento de pragas no MIP

Monitorar significa verificar seu campo para identificar quais pragas estão presentes, quantas existem ou que danos causaram. Identificar corretamente a praga é fundamental para saber se é provável que uma praga se torne um problema e determinar a melhor estratégia de gerenciamento.

Após monitorar e considerar as informações sobre a praga, sua biologia e fatores ambientais, você pode decidir se a praga pode ser tolerada ou se é um problema que merece controle.

Para isso, você deve ter em mente o os níveis das pragas:

  • Dano Econômico: (DE) é a quantidade mínima de injúria que justifica a aplicação de determinada tática de manejo;
  • Nível de Dano Econômico (NDE): é a menor densidade populacional da praga que causa dano econômico.;
  • Nível de Controle (NC): é a menor densidade populacional da praga na qual táticas de manejo necessitam ser tomadas para impedir que o NDE seja alcançado.;
  • Nível de Equilíbrio (NE): é a densidade populacional média de uma população da praga por um longo período de tempo, não afetadas por temporárias intervenções no controle da praga.

o que é manejo integrado de pragas MIP

Fonte: Boas práticas agronômicas

Se for necessário controle, essas informações também o ajudarão a selecionar os métodos de gerenciamento mais eficazes e o melhor momento para usá-los.

Os programas MIP combinam abordagens de gerenciamento de pragas para uma maior eficácia, e a maneira mais eficaz e de longo prazo de gerenciar pragas é usar uma combinação de métodos que funcionam melhor juntos do que separadamente.

As principais abordagens para o gerenciamento de pragas geralmente são agrupadas nas seguintes categorias:

Controle biológico

Controle biológico é o uso de inimigos naturais – predadores, parasitas, patógenos e concorrentes – para controlar pragas e seus danos. Invertebrados, patógenos vegetais, nematóides e vertebrados têm muitos inimigos naturais.

Controles culturais

Os controles culturais são práticas que reduzem o estabelecimento, a reprodução, a dispersão e a sobrevivência de pragas. Por exemplo, mudar as práticas de irrigação pode reduzir os problemas das pragas, pois muita água pode aumentar as doenças das raízes e as ervas daninhas.

Controle mecânico e físico

Eles matam diretamente a praga, bloqueiam elas ou tornam o ambiente inadequado para se desenvolverem.

Armadilhas para capturar borboletas são exemplos de controle mecânico. Os controles físicos incluem coberturas para o manejo de ervas daninhas, esterilização a vapor do solo para o manejo de doenças ou barreiras como telas para impedir a entrada de pássaros ou insetos.

Controle químico

Controle químico é o uso de defensivos agrícolas. No MIP, eles são usados ​​somente quando necessário e em combinação com outras abordagens para um controle mais eficaz a longo prazo.

Os defensivos são selecionados e aplicados de maneira a minimizar seus possíveis danos aos organismos não-alvo, como os inimigos naturais das pragas.

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Fonte: Gênica

Como fazer o MIP na sua propriedade em 7 etapas

Etapa 1: Prepare e tenha um plano de MIP

Conheça suas pragas: esteja ciente dos possíveis problemas e oportunidades em sua propriedade. É preciso fazer o registro dessas informações para serem utilizadas posteriormente.

Mantenha as perguntas em mente (e em um caderno, planilha ou software):

  • Quais pragas você pode esperar?
  • Como elas são para identificar?
  • Que tipo de dano elas causam?
  • Qual o Nível de Dano Econômico (NDE) e Nível de Controle (NC) dessas pragas?
  • Quando e como você deve prestar atenção neles (qual estádio da cultura, por exemplo)?
  • O que você pode fazer para evitá-las?
  • Quais táticas você deve usar para gerenciá-las?
  • Quais os inimigos naturais da praga?

Os registros do ano passado ajudarão você a se manter focado no que é preciso fazer e permitirá acompanhar as mudanças conforme os anos.

Etapa 2: Previna altas infestações de pragas

Proteja suas culturas a longo prazo. Promover a diversidade biológica em torno da fazenda para ajudar os organismos benéficos é um bom exemplo disso.

Também faça a rotação de culturas para interromper os ciclos de vida das pragas – o que também melhora a fertilidade do solo.

Outros exemplos de prevenção são o uso de variedades de plantas que resistem a doenças e pragas , destruir plantas doentes e outras fontes de infestação de pragas, melhorar a fertilidade de solo e tomar cuidado com o excesso de adubação.

Etapa 3: Monitore

Como já comentamos, examine seus campos para descobrir quais pragas estão em suas plantações.

É necessário coletar essas informações constantemente, uma das razões que mostra a necessidade de manter um bom registro dessas pragas (identificação e qual período que costumam atacar a cultura).

Etapa 4: Analise

Analisar seus dados é imprescindível para saber a hora certa de agir.
Seus dados de observação – seu limite de IPM * – informa se é hora de agir. Toda tática custa alguma coisa. Muitas culturas podem tolerar algumas pragas antes de você sofrer perdas. Seus benefícios justificarão os custos? Conheça todas as opções antes de se comprometer.

Etapa 5: Gerencie

Se for necessária uma ação, escolha entre as que oferecem o melhor equilíbrio entre custo e efeito econômico.

Etapa 6: Faça o controle das pragas

Quando a ação é justificada, faça o que é certo. Seja produto químico ou biológico, faça a aplicação com a dose recomendada, com o devido uso de EPI’s e no momento correto.

Essas ações feitas corretamente também fazem parte de um MIP bem feito!

Etapa 7: Reavalie

Curto prazo, longo prazo…

Você tomou a decisão certa; você obteve os resultados desejados? Quanto mudou a situação desde a semana passada?

Táticas diferentes podem funcionar melhor a longo prazo. O que funcionou bem durante a safra e o que não funcionou?

Mitos sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP)

1.O MIP é novo?

O MIP não é uma novidade, embora tenha se tornado mais conhecido sob esse nome recentemente. Ele existe desde o advento da agricultura. Os programas com base científica, especificamente focados nessa área, no entanto, têm apenas algumas décadas.

2.O MIP pode ser implementado rapidamente

O MIP não é implementado da noite para o dia: O desenvolvimento de um programa de Manejo Integrado de Pragas pode levar anos de pesquisa e envolver participantes como pesquisadores de universidades, extensionistas, consultores de controle de pragas, cientistas da indústria e, mais importante, os agricultores e toda a equipe da propriedade.

3.O MIP é agricultura orgânica?

O MIP não é agricultura orgânica. A agricultura orgânica é uma abordagem filosófica da produção agrícola que não depende de insumos sintéticos para controle de pragas ou nutrição de plantas.

Os agricultores orgânicos são impedidos de usar algumas das técnicas e tecnologias de baixo risco disponíveis para produtores que praticam MIP simplesmente porque são sintéticos.

4.O MIP é uma forma de reduzir o uso de defensivos?

Com certeza não. Programas de MIP bem desenvolvidos e baseados na ciência resultaram consistentemente em uso reduzido de defensivo, pois empregam uma ampla variedade de técnicas de gerenciamento de pragas, mas não é esse o seu objetivo.

O MIP resulta em um uso mais seguro e criterioso dos defensivos, já que ele busca um equilíbrio de todas as técnicas adequadas, oferecendo ao produtor opções para gerenciar pragas em um determinado sistema de produção agrícola.

5.O MIP é igual em toda fazenda?

Os programas de MIP não são universais: dependendo do complexo de pragas e da localidade, podendo diferir drasticamente para a mesma cultura em diferentes regiões.

Agora que você entende melhor o que é o Manejo Integrado de Pragas, o que achou dele? Tem mais alguma informação sobre o MIP que não colocamos aqui? Tem alguma dúvida? Comente abaixo!

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Bruno Paniago

Bruno Paniago

Graduação em Agronomia pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2009), especialização em Produção e Processamento de cana-de-açúcar pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2010), mestrado em Biotecnologia: aplicada a agropecuária, pela Universidade Católica Dom Bosco - UCDB (2013). Experiência em Agronomia / Processamento de cana-de-açúcar / Genética Vegetal (Brachiaria sp.) / Biologia Molecular; Doutorado em Biotecnologia Vegetal, pela Universidade Federal de Lavras - UFLA, MG. Formação Pedagógica em Ciências Biológicas pela FIAR (2019). Atualmente é Consultor na Agrointeli atuando como Customer Success (CS) oferecendo aos produtores rurais novas experiências com a agricultura digital.
Bruno Paniago

Bruno Paniago

Graduação em Agronomia pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2009), especialização em Produção e Processamento de cana-de-açúcar pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2010), mestrado em Biotecnologia: aplicada a agropecuária, pela Universidade Católica Dom Bosco - UCDB (2013). Experiência em Agronomia / Processamento de cana-de-açúcar / Genética Vegetal (Brachiaria sp.) / Biologia Molecular; Doutorado em Biotecnologia Vegetal, pela Universidade Federal de Lavras - UFLA, MG. Formação Pedagógica em Ciências Biológicas pela FIAR (2019). Atualmente é Consultor na Agrointeli atuando como Customer Success (CS) oferecendo aos produtores rurais novas experiências com a agricultura digital.
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Gilberto tonoli braga
Gilberto tonoli braga
2 anos atrás

Muuuuuito bom o material