Como e quando fazer a adubação de cobertura na soja

A correção do solo e a nutrição das plantas são dois pilares fundamentais para garantir uma safra produtiva e rentável. Além de conhecer as propriedades de cada nutriente e saber quais os benefícios da adubação para a cultura, saber o momento ideal de quando realizar ou não as aplicações também interfere significativamente nos resultados. 

No caso da adubação de cobertura na soja, o processo consiste em aplicar os fertilizantes após o plantio na superfície da área. No entanto, vale a pena ressaltar que esse manejo só é indicado em casos específicos e para nutrientes que realmente farão efeito e estarão disponíveis para as plantas mesmo sem ser incorporados previamente ao solo.

Ao usar a adubação de cobertura na soja da maneira certa, produtores conseguem reduzir os custos de produção, melhorar o desempenho da cultura e suprir as necessidades do solo que permaneceram presentes após o trato ou após a semeadura. Quer saber mais sobre como e quando fazer a adubação de cobertura na soja? Então continue a leitura e confira!

adubação de cobertura na soja

A importância da adubação para a soja

Assim como acontece em outras culturas, a soja só conseguirá atingir o seu potencial máximo de produtividade caso suas necessidades climáticas, ambientais e nutricionais estejam equilibradas. Em relação a adubação, é importante que o solo tenha todos os macronutrientes e micronutrientes exigidos pela planta, são eles:

  • Macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).
  • Micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn).

Considerando o cenário brasileiro, a maioria dos solos onde a cultura é plantada são solos tropicais, com alto índice de elementos tóxicos, como alumínio, e baixo nível de macros e micros essenciais. Por isso, realizar a adubação nas etapas de preparo e manejo do solo é fundamental.

Além disso, também é importante destacar que o cultivo em uma mesma área faz com que as adubações e correções precisem ser recorrentes nas safras. Isso porque as plantas, ao serem colhidas, levam consigo parte dos nutrientes que foram inseridos na área pelas adubações.

Para garantir que essa adubação será feita da maneira e no momento certo, dentro das proporções ideais de cada nutriente, é essencial que o produtor conte com o auxílio e avaliação de um profissional de engenharia agronômica. Após as coletas e análises de solo, o profissional poderá identificar as deficiências da área e recomendar os adubos dentro das quantidades necessárias para beneficiar a cultura em questão.

adubação de cobertura na soja

(Fonte: Instituto Agro)

A avaliação profissional viabiliza a redução de custos ao produtor rural, que saberá exatamente o que aplicar na área em volumes ideais para evitar desperdícios ou deficiências persistentes. Quando essa prática é associada a técnicas da agricultura de precisão, essas vantagens econômicas e operacionais são ainda mais potencializadas, pois a área é tratada de maneira mais precisa, assertiva e detalhada.

Em resumo, o ideal é programar as análises de solo dentro do calendário agrícola sempre que for necessário realizar um plantio. Caso o solo esteja preservado e ideal para o plantio, a análise poupará o produtor de ter que aplicar insumos de maneira desnecessária, reduzindo os custos de produção.

Quando a adubação de cobertura é necessária?

Os adubos, sejam eles orgânicos, químicos ou minerais, possuem propriedades diferentes de ação e liberação no solo. Alguns nutrientes e algumas formulações possuem liberação mais rápida, enquanto outros, como é o caso dos orgânicos, apresentam liberação dos nutrientes a médio e longo prazo, sendo necessário preparar o solo em tempo hábil antes da semeadura.

A incorporação dos fertilizantes no solo antes do plantio é o cenário ideal para os produtores de soja. Quando o manejo é realizado dessa forma, as sementes são plantadas em um solo já corrigido e bem preparado, disponibilizando nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas logo após a germinação. 

No entanto, é válido considerar que o plantio de soja está diretamente ligado a fatores que não podem ser controlados pelos produtores, como clima. Algumas vezes é necessário antecipar ou atrasar o plantio para aproveitar as melhores condições climáticas para as sementes e para adentrar a área com maquinários e implementos. 

Quando essa alteração no calendário agrícola se faz necessária, operações de pré-plantio como a adubação podem ser comprometidas, seja por motivo operacionais ou agronômicos. Nesse cenário, a adubação de cobertura é a melhor estratégia para nutrir o solo e buscar a maximização da produtividade mesmo que a adubação de base não tenha sido completa. 

Sendo assim, caso a cultura já esteja em desenvolvimento e o profissional identifique deficiências nutricionais na área, a adubação de cobertura na soja ajudará a repor os nutrientes, estabilizar a situação, evitar prejuízos produtivos e melhorar o desempenho e a resistência da lavoura.

(Fonte: Aegro)

Nutrientes que são utilizados na adubação de cobertura na soja

A adubação de cobertura na soja é feita após o plantio. Como não há mais a possibilidade de revolver o solo, os fertilizantes devem ser aplicados apenas na superfície, como acontece na aplicação a lanço.

Em geral, os nutrientes que são mais comumente usados nas lavouras para corrigir a fertilidade do solo após o desenvolvimento da cultura, são:

  • Nitrogênio

Para acertar na adubação de cobertura do nitrogênio é importante fazer a aplicação na fase de desenvolvimento em que a cultura mais demande o nutriente. Em geral, os sintomas de deficiência de nitrogênio se manifestam através do amarelamento das folhas mais velhas.

Em relação ao nitrogênio em cobertura, também é essencial se atentar para o fato de que esse manejo pode sofrer processos de perda em determinadas condições. As perdas pós-cobertura podem ocorrer no caso da aplicação de N em forma de uréia em solos mal drenados ou encharcados. 

O nitrogênio pode ser aplicado em cobertura através de produtos como a uréia, o sulfato de amônio e o nitrato de amônio.

  • Potássio

O potássio em cobertura apresenta maior eficiência quando associado a adubação prévia no sulco de plantio. Nesse caso, o manejo pós-plantio servirá para repor e reforçar a presença do nutriente.

Os maiores cuidados em relação à cobertura de potássio estão ligados a salinidade do adubo, que pode queimar sementes, raízes e prejudicar a germinação e o número de plantas por área. Para evitar esses efeitos negativos nos preparos de solo antes da semeadura, o potássio pode ser aplicado em cobertura. 

No caso da soja, a cobertura de potássio é recomendada – quando necessário – do pré-plantio até o desenvolvimento pleno do quarto trifólio. As principais fontes de potássio são o sulfato de potássio e o cloreto de potássio.

(Absorção de potássio pela soja. Fonte: Embrapa)

  • Enxofre

A adubação de cobertura do enxofre é recomendada em casos específicos, como quando há deficiência aparente do nutriente nas plantas, quando a adubação de base não for eficiente sozinha ou quando o solo estiver apresentando baixo teor de enxofre. Para que a fertilização seja eficiente, é necessário investir na irrigação ou aguardar períodos de chuva após a aplicação, para que o enxofre se dissolva no solo e se torne disponível para as plantas.

Ainda assim, devido a baixa volatilidade, não há grandes problemas em aplicar o enxofre de cobertura quando não há previsão de chuva. As principais fontes de enxofre são o sulfato de potássio e o sulfato de amônio. 

  • Fósforo

Devido a baixa mobilidade do fósforo, a aplicação desse nutriente em cobertura ainda gera muita discussão no universo científico. Isso porque, considerando que ele não se move de maneira eficiente nas camadas, a aplicação na superfície pode ser inútil caso ele não se torne disponível para absorção pelas plantas.

Alguns produtores optam por realizar a aplicação de cobertura caso a adubação fosfatada pré-plantio não seja possível por algum motivo. No entanto, recomenda-se aplicá-lo nas fases de preparo do solo, no sulco de plantio.

Vantagens e desvantagens da adubação de cobertura na soja

A possibilidade de adiar a adubação e aproveitar a janela de plantio exata em condições agronômicas ideais é uma das vantagens da adubação de cobertura na soja. Essa estratégia concede ao produtor uma maior eficiência e flexibilidade na semeadura, além de melhorar o rendimento operacional na lavoura.

Além disso, outro grande benefício é a oportunidade de poder corrigir o solo e oferecer os nutrientes essenciais mesmo após o plantio, para que as plantas possam alcançar sua máxima produtividade e remediar problemas que venham surgir em relação a deficiências nutricionais.

Já em relação às desvantagens, é importante destacar que os processos de perda podem ser significativos, fazendo com que seja necessário aumentar as doses considerando as perdas por lixiviação, volatilização e escoamento superficial. Além disso, também é possível que os nutrientes sejam fixados no solo através dessa prática, se tornando indisponíveis para as plantas e mais uma vez aumentando a necessidade das próximas dosagens.

Gostou do artigo? Tem alguma consideração sobre a adubação de cobertura na soja que gostaria de adicionar? Deixe o seu comentário e confira as outras matérias do nosso blog!

Bruno Paniago

Bruno Paniago

Graduação em Agronomia pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2009), especialização em Produção e Processamento de cana-de-açúcar pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2010), mestrado em Biotecnologia: aplicada a agropecuária, pela Universidade Católica Dom Bosco - UCDB (2013). Experiência em Agronomia / Processamento de cana-de-açúcar / Genética Vegetal (Brachiaria sp.) / Biologia Molecular; Doutorado em Biotecnologia Vegetal, pela Universidade Federal de Lavras - UFLA, MG. Formação Pedagógica em Ciências Biológicas pela FIAR (2019). Atualmente é Consultor na Agrointeli atuando como Customer Success (CS) oferecendo aos produtores rurais novas experiências com a agricultura digital.
Bruno Paniago

Bruno Paniago

Graduação em Agronomia pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2009), especialização em Produção e Processamento de cana-de-açúcar pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2010), mestrado em Biotecnologia: aplicada a agropecuária, pela Universidade Católica Dom Bosco - UCDB (2013). Experiência em Agronomia / Processamento de cana-de-açúcar / Genética Vegetal (Brachiaria sp.) / Biologia Molecular; Doutorado em Biotecnologia Vegetal, pela Universidade Federal de Lavras - UFLA, MG. Formação Pedagógica em Ciências Biológicas pela FIAR (2019). Atualmente é Consultor na Agrointeli atuando como Customer Success (CS) oferecendo aos produtores rurais novas experiências com a agricultura digital.
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Leomar
Leomar
2 anos atrás

Tem recomendação de uréia como fonte de N em soja pra cobertura?

gate io
1 ano atrás

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Marketing Agrointeli
Admin
1 ano atrás
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Marketing Agrointeli
Admin
11 meses atrás

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